O museu salazar, depois de há uns dias atrás debaixo da mesa se terem mexido mais uns cordelinhos das finanças e da política, vai ser irreversivelmente implementado (a recente demarcação do ministério da Cultura serve apenas o intento de iludir esta realidade demarcando-se de modo incônscio dela) na casa do Vimeiro. Também já lá vão 3 meses quando o presidente da câmara de Santa Comba Dão afirmou que o museu avançava com ou sem o beneplácito do governo.
Discordo da edificação do museu, mas aproveito para endereçar os parabéns a todos aqueles, que afirmando-se como não admiradores de salazar, mas a coberto da defesa da democracia e do pluralismo têm apoiado a criação do museu, pois a sua causa irá ser concretizada. Expressaram que era importante existir (mais) um espaço onde estejam expostos os factos e aspectos profundamente negativos (e não só) do estado novo.
Eu continuo a afirmar que este tipo de pensamento é de uma ingenuidade impressionante. É possível comungar deste pensamento quando o museu vai ficar localizado na própria casa de oliveira salazar, na aldeia do Vimeiro, em Santa Comba Dão, num concelho onde mais de 2/3 dos habitantes (em sondagem realizada há pouco mais de 2 anos) dizem admirar a obra e vida de salazar, inserida numa região onde maioria considera que Salazar teve um papel mais positivo que negativo para Portugal? Então, podem alguma vez considerar que este museu vai ser imparcial e justo?
Não me oponho à criação de um Museu/Biblioteca/Centro de Estudos do Estado Novo, mas noutra localização, e apenas daqui a uns anos, e noutros moldes. Construí-lo na casa de salazar é do mais absurdo que se possa conceber. E mesmo que fosse construído noutro lugar devia ser adiado por uns anos pois neste altura em que muitas pessoas, associações e instituições (inclusive a RTP [ainda financiada pelo Estado] impelida através de vice-presidente Ponce Leão, que se afirma um profundo admirador de Salazar, e que ao longo dos anos através de certas atitudes tem evidenciado ser uma pessoa que ainda lhe sobrevivem alguns tiques de racismo colonial) tentam reescrever a seu modo a História, vive-se no presente um período de paixões por oliveira salazar.
Mas o mais reprovável de tudo isto de tudo é que a maioria dos Santacombadenses defendem a criação do museu pois acham, entre outros aspectos, que será uma importante fonte de receitas. Ganhar dinheiro com o extremo sofrimento de dezenas de milhares de pessoas é uma evidente demonstração de profundo desrespeito pela vida e dignidade humana.
Mas só solicito que as pessoas a que me refiro no 2º parágrafo quando descobrirem que afinal foram logradas, como noivas abandonadas no altar, tenham uma atitude digna e exijam de presto o encerramento do museu/santuário a oliveira salazar.
p.s.: este posts deve-se ao facto de o museu salazar comportar um centro documental (biblioteca/arquivo)
|